Festa de final de ano da escolinha do meu filho. Pais conversando de forma descontraída, tomando uma cerveja. Eu não conhecia quase ninguém. Me apresento, falamos um pouco das dificuldades da pandemia e então vem a pergunta: Onde você trabalha?
Outro dia, levei meu filho ao dentista, mas antes da consulta preciso preencher uma ficha cadastral. Nome, telefone, endereço e Onde você trabalha? (o que isso tem a ver com o dente do meu filho?)
Encontrei um amigo que faz tempo que não vejo, perguntamos se está tudo bem com a família e, logo em seguida, vem a pergunta: E você, onde está trabalhando agora?
É engraçado como essa pergunta faz parte da nossa rotina.
Hoje em dia ainda não sei direito como responder, falo que ainda estou no meu período sabático (que dá a impressão que não quero falar que sou desempregado rs).
Lendo “Trabalhe 4 horas por semana”, Tim Ferris também expõe esse desconforto (UFA! Tamo junto, Tim):
“Nunca gostei de responder a essa pergunta de coquetel (“Então, o que você faz?”) porque ela reflete uma epidemia da qual eu fiz parte por muito tempo: a descrição do seu emprego ser a descrição de você mesmo.”
Woow!
Realmente é impressionante como o emprego está relacionado à nossa pessoa.
No livro “O otimista racional” (que ainda estou lendo e recomendo), o autor Matt Ridley mostra como a especialização do trabalho foi uma das alavancas de prosperidade dos homosapiens.
A especialização do trabalho, deu mais tempo para as pessoas que não precisavam fazer todas as tarefas (plantar, colher, explorar, fabricar, caçar). Elas podiam focar em uma atividade e trocar por um bem ou um serviço. A especialização foi a chave para o crescimento das cidades.
E acabou virando parte integrante do nosso eu. João, o barbeiro. Pedro, o açougueiro, Maria, a cozinheira. De lá para cá pouca coisa mudou nesse aspecto. Só criamos a profissão de consultor, que é tipo um coringa e ninguém sabe o que ele faz (é também a resposta que uso nas fichas cadastrais).
Mas será que o nosso trabalho realmente define mesmo quem somos?
Uma solução proposta por Tim Ferriss é responder “Sou distribuidor de drogas!”. Segundo ele, a conversa tende a acabar em poucos minutos. Tentarei essa da próxima vez rs.
Assim como Tim Ferriss, irei mudar a minha abordagem.
Começarei a falar coisas diferentes a cada vez que alguém me perguntar: escritor, blogueiro, investidor, dono de casa, faxineiro, babá, investidor, designer de camisetas, artista, gerador de conteúdo, copywriter, consultor (rs), desempregado, autônomo e o que mais gosto ultimamente, mini-aposentado (leia o post de "Trabalhe 4 horas por semana")
Não sei se ter tantas opções é o caminho certo, mas sem dúvida é uma alternativa muito mais divertida para quando alguém perguntar: Onde você trabalha?
Ler mais livros é compartilhar conhecimento.
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