Muitas culturas comemoram os 100 dias do bebê como o fim de um período mais vulnerável, mas pesquisas mostram que nesse período o bebê aprende algo muito importante para a vida: a relação de causa e efeito.
Antigamente, a taxa de mortalidade de bebês até os 3 meses era relativamente alta, por isso, em culturas orientais criou-se a tradição de comemorar os 100 dias do bebê. Nessa ocasião, apresenta-se o bebê para os parentes e amigos, desejando-lhe sorte, saúde e prosperidade.

E o que isso tem a ver com fazer o bebê dormir a noite inteira?
Tudo.
Os cem dias é tão importante, que podemos separar o primeiro ano de vida em AC/DC, antes dos cem e depois dos cem.
Os objetivos em cada período são diferentes e um dos grandes problemas em não reconhecer esse marco é que os pais acabam tratando o bebê da mesma maneira, o que, por consequência, cria a dependência do bebê para dormir.
Vamos falar de cada período em detalhes.
Antes dos Cem dias
Nessa fase, o objetivo dos pais é garantir a transição do bebê para o novo mundo de forma mais suave possível.

O que significa dar o máximo de atenção.
Pegue no colo o quanto quiser, mesmo se alguém lhe der conselhos que irá acostumar mal o bebê. Lembre-se que ele ainda não faz nenhum tipo de associação.
Qualquer choro deve ser atendido de prontidão pois o choro só indica algum desconforto (por enquanto).
Além de todo o carinho, a melhor forma de ajudar no sono nesse período é simular o máximo possível o ambiente do útero.
Pense que o bebê ficou cerca de 9 meses dentro da barriga, tudo que ele quer é um pouco de familiaridade para dormir bem.
O Dr. Harvey Karp, no livro “O bebê mais feliz”, chama de reflexo da calma. Uma forma de acalmar o bebê para a hora do sono:
Enrole no casulinho - O bebê ficava apertadinho na barriga, isso traz segurança e evita que ele tenha espasmos durante o sono, que irá acordá-lo. No começo, pode ser que o bebê reclame um pouco, mas continue tentando e com o tempo ele irá voltar a se acostumar. O ideal é começar logo nos primeiros dias.
Barulho - O útero é um lugar barulhento, por isso o bebê prefere dormir no barulho do que no silêncio. Não é à toa que crianças dormem quando entram no carro (som e balanço). No quarto, coloque uma música clássica de fundo ou sons com ruído branco (existem vários nesses canais de streaming, só lembre de tirar as propagandas).
Balanço - Na barriga, o bebê vivia em movimento. Ficar parado é algo não normal. Por isso, o balancinho para dormir é tão aconchegante. Só tome cuidado com a forma que você balança para não causar tendinite (experiência própria).
Essas são algumas dicas. Podem existir outras que você tenha ouvido ou até experimentado.
O importante aqui é ter a consciência que o bebê quer conforto e segurança, um ambiente parecido com o antigo “quarto” dele.
Pelo menos até os 100 dias de vida.
Depois dos Cem dias
Até essa fase, os pais sofrem para entrar na nova rotina, mas no final se adaptam e aprendem como fazer o bebê se sentir seguro.

A partir do cem dias, porém, o objetivo deixa de ser “ajudar na transição” e começa a ser “ensinar a ser independente”.
O maior problema com bebês que acordam regularmente à noite é que eles não conseguem voltar a dormir sozinhos, porque eles nunca precisaram e, consequentemente, nunca aprenderam a fazer isso.
Mas ensinar o seu bebê a dormir sozinho é um grande desafio.
Primeiro porque não percebemos que o tempo passou tão rápido e segundo, o bebê aparenta ser tão frágil com 3 meses que duvidamos que ele irá aprender algo.
Não se deixe enganar.
Em experimentos com bebês de 3 meses, notou-se que ao amarrar uma corda entre o móbile de berço e o pé do bebê, ele começa a entender que balançando o pé pode fazer o móbile girar. E, claramente, aprende o movimento, pois é capaz de repeti-lo semanas depois com muita facilidade.
Outro experimento mostra que o bebê consegue prever o movimento de um carrinho andando.
Em um monitor, o carrinho anda da esquerda para a direita, some da tela e aparece em um monitor mais para a frente.
Quando o carrinho aparece no segundo monitor em uma velocidade constante o bebê não esboça nenhuma reação. Porém, se ele vai mais rápido do que deveria, o bebê começa a olhar para o primeiro monitor para tentar entender o que aconteceu.

Ou seja, com 3 meses eles já sabem como as coisas “deveriam” funcionar e conseguem elaborar as suas próprias hipóteses sobre o mundo (que serão testadas e aprimoradas depois).
Com 100 dias, eles já são pequenos gênios.
O impacto disso é gigantesco, pois a partir desse momento, tudo que fazemos será aprendido.
E a maioria das coisas que fazemos (e que funcionam) para dar segurança antes dos 100 dias precisarão ser abandonadas (aos poucos).
O que funciona no curto prazo (menos esforço), precisa ser revisado pensando no longo prazo (sono mais tranquilo).
Alguns exemplos:
Balançar para dormir e dormir no colo - Se o bebê só dorme com balanço, adivinha o que ele irá precisar para dormir quando acordar no meio da noite.
Vá diminuindo a quantidade de balanço e coloque o bebê na cama antes dele dormir de fato, quando estiver sonolento após um pouco de balanço.
Ele pode resmungar um pouco mas com carinho, ele irá pegar no sono (alguns podem ficar mais irritados que os outros).
Importante criar a famosa “rotina do sono” para o bebê entender a hora de dormir (falaremos em outro post).
Deixar dormir durante a amamentação - Tática muito comum das mamães e uma grande armadilha também. Antes que o bebê durma, pare de amamentar e coloque ele sonolento no berço.
Caso ele esteja dormindo, pode ser contra intuitivo, mas acorde assim que colocar no berço para ele entender que precisa dormir deitadinho e sozinho.
Dividir a cama com o bebê - Prática bem comum entre os pais. Mas estudos mostram que bebês que dormem em camas compartilhadas, acordam mais vezes durante a noite.
O sono dos pais também é pior, porque é mais fácil você acordar com os pequenos barulhos que os bebês fazem durante a noite (que na maioria das vezes não é nada para se preocupar).
Aos poucos, vá fazendo a transição para o berço ou a cama individual.
Quanto antes você começar a ensinar como dormir sozinho, melhor. Mais fácil será e mais rápido você irá recuperar a sua noite bem dormida.
Mas não existe uma fórmula mágica, algumas coisas podem funcionar e outras não. Cada criança possui uma sensibilidade maior ou menor aos efeitos do sono.
Também não existe um certo ou errado. Cada pessoa (mãe ou pai) sabe o quanto aguenta ouvir de chorinho do bebê, porque sim, ele irá reclamar de algumas ações. Faça o que você se sentir confortável fazendo.
Claro que, quanto menos você ensinar a ter independência, mais presente você precisará estar (principalmente nas madrugadas). Lembre-se: causa e efeito.
O importante é ter a consciência de que a partir dos 100 dias, o seu lindo bebê precisa ser tratado de forma diferente.
Comece a mudar alguns hábitos e aproveite.
Por mais sofrida que essa fase possa parecer, ela passa voando.

Segundo pesquisas, 1 em cada 5 pais sofrem para fazer os seus bebês dormirem. Revivendo essa experiência com o segundo filho, resolvi estudar mais a fundo o sono dos bebês.
Por isso, vou compartilhar uma série de posts sobre o assunto (se agradar, é claro).
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