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Repensando a educação

Na última sexta (21/08/2020), o mundo perdeu Sir Ken Robinson Ph.D., professor, escritor, palestrante e revolucionário. Autor de “O elemento” e “Escolas Criativas”, o seu vídeo “As escolas matam a criatividade?” é o vídeo mais visto do TED (no final do texto).


Ele sem dúvida me fez questionar todo o sistema de ensino atual. Fez-me refletir como essa fase impactou a minha vida, plantando uma semente na minha cabeça de que deveria contribuir com essa mudança, ou como ele mesmo chamou, essa revolução.

Esse desejo de mudança aumentou mais ainda com o nascimento do meu filho. O desejo se transformou em uma busca por reflexões e conhecimento. Sendo um dos temas que mais tenho lido nos últimos anos.


Como pais, acho que seremos a geração mais afetada. Infelizmente a revolução educacional será lenta e nossos filhos pegarão a fase de transição, ou seja, não estarão totalmente preparados para o futuro mercado de trabalho.


Se voltarmos no tempo, a geração dos nossos avós, muitos deles imigrantes, não teve a oportunidade de frequentar escolas e muito menos o ensino superior. O trabalho era na agricultura, empreendendo ou nas primeiras fábricas que apareceram. A geração dos nossos pais pode frequentar escolas e faculdades. Isso garantiu a algumas pessoas bons empregos e o pensamento de que se você estudasse, se formasse em boas faculdades, teria uma garantia de uma vida tranquila, ainda mais se fosse médico, advogado ou engenheiro.


A nossa geração conseguiu seguir os mesmos passos com certo sucesso. Mas começamos a sentir os efeitos da mudança. Um diploma já não é garantia de emprego e várias habilidades necessárias no mercado de trabalho não são ensinadas nas escolas e nas faculdades. Algumas grandes empresas nem olham mais para o diploma.


A próxima geração não terá nem incentivos e nem motivação para estudar por tantos anos se as habilidades ensinadas forem totalmente divergentes daquelas que o mercado precisa.


Se deixarmos a responsabilidade única e exclusivamente na mão do sistema ensino, essa será uma geração perdida.


Em seu primeiro livro ”O elemento”, Sir Ken Robinson fala de como encontrar propósito nas nossas vidas, dando vários exemplos de pessoas que conseguiram encontrar e dicas de como encontrar o seu também. Um dos pontos críticos é a exposição.


Colocar crianças em contato com várias áreas e conhecimentos para que ela descubra aquilo que é sua paixão. Esse é o primeiro questionamento sobre as escolas.


A nossa educação foi elaborada pensando no mercado de trabalho de anos atrás, por isso algumas matérias foram priorizadas em detrimento de outras. Aulas de artes e dança, por exemplo, em muitas escolas não existem mais.

As escolas focaram em desenvolver , profissionais que usam apenas o cérebro, principalmente para ciências, novos professores, segundo Sir Ken Robinson.


Mas será que esse deveria ser o objetivo das escolas? Desenvolver pessoas apenas com algumas habilidades? Será que o propósito de algumas pessoas não envolvem artes e dança? Será que isso não está criando uma geração de pessoas desmotivadas e depressivas?


"Se você julgar um peixe pela habilidade de subir em árvores, ele viverá o resto de sua vida acreditando que é um idiota" - Albert Einstein

No seu outro livro ”Escolas Criativas”, Sir Robinson entra mais a fundo em vários problemas do sistema de ensino, um dos principais temas é o foco cada vez maior em criar testes padronizados para comparar e avaliar as escolas e faculdades.


Com um objetivo que a princípio parece ser válido, esse sistema de testes acabou gerando um feedback negativo na nossa educação. As escolas, assim como os estudantes, começaram a aprender com os testes. Ficamos muito bons em fazer testes. Basta você pensar nas coisas que aprendeu na faculdade. Estudava como um louco antes das provas e se tropeçasse no caminho da prova, provavelmente iria esquecer metade do que “estudou”.

Em resumo, decorava tudo e não aprendia nada. As escolas começaram a focar naquilo que dava mais pontos nas avaliações, despriorizando ainda mais temas como artes cênicas, música e até educação física.

Além disso, os testes também nos levam a focar em respostas únicas, convergentes. Aprendemos a decorar informações para chegar a uma resposta certa. Mas a lição mais importante da faculdade foi “como colar”, uma forma colaborativa de chegar a uma resposta usando métodos inovadores em situações de pressão. Não é isso que se espera atualmente de uma profissional no mercado de trabalho?


Será que estamos depositando uma confiança exagerada que o ensino irá se reinventar a tempo de suprir o GAP de habilidades que está se formando?


Esses dois livros foram fundamentais para que eu questionasse o sistema educacional e quebrasse a verdade que sempre ouvi “Estude, passe em uma boa faculdade, arrume um bom emprego e tenha uma vida boa”. Verdade que aos poucos está morrendo, a única parte que irá permanecer é “Estude, estude e estude”.


Se nossos filhos não começarem a aprender a aprender, eles terão sérios problemas no futuro e para isso, eles precisarão da nossa ajuda.


Agradeço a Sir Ken Robinson pelos ensinamentos, pela inspiração e por me fazer mais questionador. Descanse em paz, mestre.


 

Assista o TED Talk:


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