Para “sentirmos” a cidade, queríamos ficar um tempo suficiente para conseguir se virar no local, conhecendo bem o mapa, as principais ruas, o transporte público, os locais do dia a dia e as principais atrações.
Por isso, decidimos ficar pelo menos 1 mês nas cidades que gostaríamos de morar. Essa motivação de olhar a cidade como local para morar, nos deu outra perspectiva com relação às viagens.
Quando tiramos férias, queremos conhecer todos os lugares, viajamos para outro país e queremos ver e tirar fotos de todos os pontos turísticos (às vezes até do ponto de ônibus rs).
A viagem vira uma correria insana. Compramos aqueles guias “faça Paris em 5 dias”, “Visite os pontos turísticos de Londres em 3 dias”. Andamos tanto que de noite estamos acabados e acordamos até tristes de pensar em andar mais. Essa pressa vira até motivo de brigas entre o casal ou entre amigos.
Com um mês nas cidades, você não precisa disso. Aliás, você nem deve procurar fazer isso, porque uma das belezas de uma viagem dessas, ainda mais com filhos, é aproveitar o momento.
Lembre-se que você está parando por um período para sair do estresse do dia a dia. Não tenha pressa, não crie mais estresse, aproveite. Essa mudança torna a viagem muito mais prazerosa que umas férias.
Saímos de casa todos os dias e andávamos bastante, mas parávamos para ficar sentados no parque, para ficar sentados na livraria. Não precisávamos necessariamente pegar o ônibus cheio do horário de pico ou se preocupar em ir no centro no final de semana que era lotado.
E no final, esse modo de conhecer a cidade nos fez refletir inclusive sobre as nossas férias “normais”. Não temos a necessidade de ver todos os pontos turísticos do lugar. Não precisamos ter a foto da Monalisa se nem sabemos porque a obra é tão importante.
Repense as suas férias também. Repense a sua relação com o tempo. Repense o ritmo que leva nas suas viagens.
Ainda temos de forma inconsciente o pensamento da geração passada, onde viajar para fora do país era algo raro. Com esse pensamento é claro que você quer fazer tudo o que puder num intervalo curto.
Como disse Rolf Potts em seu fantástico livro “Vagabonding: An Uncommon Guide to the Art of Long-Term World Travel”:
“Foque na qualidade das suas experiências em vez da quantidade”
Ficamos tão despreocupados em precisar ver todos os lugares que era até engraçado quando encontrávamos os nossos amigos. Eles perguntavam: “O que vocês querem ver na cidade? Quais atrações vocês querem ir?” e a nossa resposta era: “O que tem para se ver na cidade?”.
No nosso planejamento, não olhamos praticamente nenhum guia de principais atrações. A vantagem é que fomos surpreendidos positivamente porque não tínhamos nenhuma expectativa. Talvez perdemos algumas oportunidades de ver coisas bacanas, mas não nos arrependemos, pode ficar para a próxima.
Portanto, não fique poucos dias nos lugares e aproveite a oportunidade para descobrir o que as cidades podem te mostrar, as coisas escondidas que estão fora dos guias de viagens. Os parquinhos escondidos nos bairros residenciais, os restaurantes escondidos, as bibliotecas locais com monitores que cantam as músicas e contam as histórias locais.
Aproveite para “sentir” as cidades. Em vez de pensar na foto do Instagram, aproveite o seu tempo com os filhos e seja mais feliz.
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